2ª temporada

Podcast Conexões para Convergir

Episódio 2 “Ciência e geopolítica nos polos: Antártica e Ártico”

Sinopse: O Brasil se tornou signatário do Tratado Antártico em 1975, porém, a condição de membro consultivo – com direito a voz, voto e veto – foi conquistada somente em 1983, ano de criação do Programa Antártico Brasileiro, o PROANTAR, que tem como objetivo a realização de pesquisa científica na região antártica, com a finalidade de compreender os fenômenos que ali ocorrem e sua influência sobre o território brasileiro. Essa é uma característica fundamental do Tratado Antártico: ainda que signatários, os Estados só têm poder de voz, voto e veto nas decisões sobre esse território na medida em que passam a desenvolver pesquisa científica na região.

Tendo em vista a importância da Antártica em termos ambientais, com as maiores reservas de água potável no mundo e grandes reservas de recursos naturais; a proximidade com o território brasileiro, o que influencia regimes climáticos e de pesca, por exemplo; e o impacto das mudanças climáticas sobre a região, tornando-a a que mais tem sofrido aumento de temperatura no planeta, a ciência antártica acaba por se tornar importante ferramenta geopolítica do países, justamente por possibilitar certo poder nas decisões sobre esse território em transformação (Câmara, Gianattasio e Quaglio, 2022). A ciência como instrumento geopolítico ganha ainda mais força quando se considera a possibilidade de revisão, em 2048, da proibição de exploração comercial de recursos naturais não renováveis prevista no Tratado.

Na ocasião dos 30 anos do PROANTAR, foram avaliadas e reestruturadas as metas do Programa, o que levou a criação de um Plano de Ação 2013-2023 para a Antártica. É importante destacar que, nesse documento, o PROANTAR foi entendido como um caminho possível para justificar a entrada do Brasil nas discussões do Conselho do Ártico como membro observador. Ainda, em 2021 foi criado o Grupo de Trabalho para as Atividades do Ártico, por meio de portaria do Ministério da Defesa, e que foi seguido, em 2022, da ratificação da adesão do Brasil ao Tratado de Svalbard, sinalizando “um adensamento institucional desta pauta [referente ao Ártico], justamente aproveitando a experiência brasileira científica, diplomática, ambiental e pacífica adquirida por décadas de atividade do PROANTAR” (Câmara, Gianattasio e Quaglio, 2022, p.7).

Como a Antártica, o Ártico também é uma região estratégica, dada sua importância no que diz respeito às questões ambientais, tendo em vista, por exemplo, suas grandes reservas minerais (30% das reservas mundiais de gás estão no Ártico); mas também quando pensamos nos impactos gerados pelas mudanças climáticas. O derretimento do gelo ártico gera não somente preocupações relacionadas aos danos ambientais e climáticos irreversíveis decorrentes daí, mas também afeta centralmente a geopolítica global, na medida em que novas rotas marítimas comerciais passam a ser exploradas e que se torna mais fácil a exploração de recursos naturais na região, como o petróleo e o gás, o que, por sua vez, acirra as tensões entre os países polares.

Apesar de estar ganhando cada vez mais relevância, o Ártico ainda faz parte de uma discussão relativamente recente no Brasil. E é interessante notar que essas discussões, bem como as ações brasileiras para o Ártico, têm se dado, principalmente, através da referência aos anos de experiência adquirida com o Programa Antártico Brasileiro – que conta com a atuação das Forças Armadas, da academia, com participação do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação -, em que a ciência se torna peça geopolítica fundamental. 

Tendo essa introdução como plano de fundo, este episódio busca analisar melhor essa relação entre ciência e geopolítica no contexto da presença dos Estados, em particular do Brasil, nas regiões polares. Ademais, vamos buscar entender os desafios que se impõem nesse contexto, além das oportunidades.

Participantes:

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (1999), mestrado em Botânica pela Universidade de Brasília (2002), mestrado em Ciências pela University of Missouri-Saint Louis (2005) e doutorado em “Plant Systematics and Evolution” pela University of Missouri-Saint Louis e Missouri Botanical Garden (2008). É ainda egresso da turma de 2017 da Escola Superior de Guerra. Atualmente é Professor Associado no departamento de Botânica da Universidade de Brasília. É orientador credenciado no mestrado e doutorado em botânica das Universidades de Brasília e Federal de Santa Catarina. Coordena atualmente projeto de pesquisa no âmbito do Programa Antártico Brasileiro, PROANTAR. É ainda professor colaborador da Escola Superior de Defesa em Brasília.

Doutoranda e mestre em Estudos Estratégicos pela Universidade Federal Fluminense, bacharel em Relações Internacionais pela mesma instituição. Pesquisadora associada na Escola de Guerra Naval (EGN). Pesquisa Sistema do Tratado Antártico e Políticas Públicas de Defesa.

2ª TEMPORADA

Soberania e Clima
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.