1ª temporada

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Episódio 6 “Justiça Climática e desigualdades em meio à emergência climática”

Sinopse: Tratar das mudanças climáticas e, nesse contexto, de eventos climáticos extremos e de desastres ambientais – que têm se tornado cada vez mais frequentes e atingido proporções sem precedentes – exige também que nos atentemos às questões sociais aí intrincadas. As mudanças climáticas têm afetado, como a experiência nos mostra, o acesso à água, à alimentação, ao saneamento, o direito à moradia e ao desenvolvimento econômico, os direitos culturais e mesmo o direito à própria vida.

Ao mesmo tempo, é importante salientar que esses efeitos da emergência climática impactam desproporcionalmente populações já vulnerabilizadas e cujos direitos são frequentemente negados, tais como pessoas em vulnerabilidade socioeconômica, mulheres, pessoas negras, indígenas, imigrantes e outras populações marginalizadas. Como argumenta o White Paper do Centro Soberania e Clima (2022, p. 48), no Brasil, a distribuição desigual das consequências desses eventos:

(…) tem raiz profunda na sua formação enquanto país, marcada tanto pelo genocídio de indígenas (…) quanto pelo racismo estrutural, resultado de quase quatro séculos de escravidão, integração da população negra baseada na subalternidade, repressão e incremento de desigualdades desde a transição para o trabalho livre, a exemplo da edição da lei de terras.

Portanto, não é possível falar sobre adaptação e mitigação das mudanças climáticas sem falar sobre garantia de direitos e, nesse contexto, também sobre Justiça Climática. Desse modo, o conceito de Justiça Climática está aliado a um movimento global que tem como objetivo pensar e exigir uma divisão mais justa dos investimentos e responsabilidades no combate às mudanças climáticas. Embora todo o mundo sofra as consequências de seus eventos – que geram enchentes, secas severas, ondas de calor e queimadas, para dar alguns exemplos -, esses eventos atingem de modo diferente e desigual populações e também países, a depender do seu grau de vulnerabilidade ambiental e dos recursos disponíveis.

Pensar em soluções efetivas em relação às mudanças climáticas e seus efeitos exige, portanto, que essas desigualdades sejam consideradas e levadas a sério. Nos níveis nacionais, é preciso haver uma a inclusão efetiva, nos espaços de tomada de decisão, de populações diversas e que são diretamente impactadas pela emergência climática, de modo que possam oferecer soluções adequadas para os problemas que elas mesmas vivem. Ademais, no nível internacional, é necessário também trabalhar com a coincidência entre países menos industrializados e maior vulnerabilidade ambiental, tendo em vista, por exemplo, a disponibilidade de recursos para o enfrentamento da crise climática. Nesse contexto, como aponta o White Paper do Centro Soberania e Clima (2022, p. 49), essas questões também precisam ser tratadas “nos fóruns internacionais tendo o Brasil como liderança na discussão.”

Participantes:

Cientista política e internacionalista. Defendeu sua tese de doutorado em Ciência Política, na linha de pesquisa em Relações Internacionais e Política Comparada, no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) em 2022. Suas agendas de pesquisa e atuação são política externa, instituições políticas e história política; relações do Sul global; mudanças climáticas, políticas de cooperação para o desenvolvimento e desigualdades.  Como pesquisadora, integra o Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas e o Laboratório de Análise Política Mundial (Labmundo). É também coordenadora da Iniciativa Amazônia, do portfólio de Comunicação e Engajamento, no Instituto Clima e Sociedade, organização filantrópica onde atua desde 2016.

Arquiteta e urbanista, formada pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e mestre pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Foi eleita vereadora do Rio de Janeiro em 2020. Em fevereiro deste ano, tornou-se secretária municipal de Ambiente e Clima. Já deu assistência a movimentos como União de Moradia Popular e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

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