Episódio 5 “Geopolítica das mudanças climáticas”
Sinopse: A disputa de poder é dinâmica característica da forma de organização política estabelecida pelo sistema de Estados Nacionais desde a Paz de Vestfália, firmada em 1648. Com o passar dos séculos, as diversas transformações pelas quais o ambiente internacional passou não levaram a uma superação dessa lógica: os Estados continuam sendo seu ator central, com responsabilidades e interesses no exercício de sua soberania. O exemplo mais recente que temos desse tipo de disputa é a Guerra na Ucrânia, que completou 1 ano em fevereiro de 2023. Além de ter gerado uma grave crise geopolítica, trouxe a questão da segurança energética mais uma vez para o centro das discussões, considerando a dependência europeia do gás natural russo e a consequente necessidade de ativação das usinas de carvão no continente.
Entretanto, as consequências da guerra são sentidas não só pelos países envolvidos ou próximos do conflito, mas por todo o mundo. Enquanto algumas dimensões relacionadas à segurança energética estiveram conectadas à eclosão da guerra, o desenrolar do conflito impacta de modo não somente diferente, mas também desigual, pessoas do sul geopolítico, com impactos, por exemplo, na segurança alimentar dessas populações.
Nesse contexto, a transnacionalidade das questões geopolíticas se une à transnacionalidade da crise climática. E da mesma forma que é impossível se analisar uma disputa geopolítica sem se levar em conta também a dimensão ambiental, o oposto também é verdadeiro: nem mesmo desafios transnacionais, tais quais as mudanças climáticas, podem ser analisadas sem se considerar a disputa geopolítica que subjaz as negociações do clima. Nelas, as disparidades de poder entre os Estados se traduzem em maior ou menor grau de comprometimento com o desenvolvimento sustentável e com a mitigação da crise climática. E o que essa disparidade de poder traz de desafios à governança global do clima como um todo? O que deve ser feito para que esse comprometimento passe do discurso à ação?
Participantes:
Mayara Folly (Plataforma Cipó) – Co-fundadora da Plataforma CIPÓ e especialista em relações internacionais e políticas públicas. Lidera e participa de projetos de pesquisa e iniciativas de advocacy nas áreas de clima, crimes ambientais, paz e segurança, governança global e política externa. Obteve o mestrado pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Oxford e formou-se em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.
Coronel do Exército Brasileiro. Analista do Centro de Estudos Estratégicos do Exército. Doutorando em Rel Internacionais na UNB. Analista de Geopolítica e Política Internacional. Especialista em Liderança. Mestre pela Escola de Estudos de Defesa do Exército da República Popular da China, na área de Estudos Estratégicos, em 2016 – Beijing – China. Mestre em Ciências Militares, pela ECEME. Comandou o 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Ponta Porã – MS