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A convergência entre Defesa e mudança do clima: desafios e oportunidades

Em artigo publicado no Valor Econômico, a Diretora-executiva do Centro Soberania e Clima, Mariana Nascimento Plum ressalta que “Inserir a Defesa nas várias frentes ligadas às mudanças climáticas é mais do que uma necessidade, é também uma urgência.”

“Evidências científicas recentes apontam para um cenário provável de aumento de temperatura acima de 2ºC nos próximos anos, superando, assim, as metas estabelecidas no Acordo de Paris, de 2015. Com isso, torna-se cada vez mais urgente mapear as vulnerabilidades do Brasil para construir uma estratégia nacional de adaptação climática integrada e multisetorial.

Considerada um dos principais riscos globais na próxima década, a crise climática afeta diretamente infraestruturas essenciais nas áreas de transporte, habitação, produção de alimentos, energia e saúde. Essa instabilidade tem provocado transformações nos ecossistemas, representando riscos à segurança alimentar e hídrica das populações, com efeitos adversos para a saúde física e mental dos indivíduos e contribuindo para o agravamento de crises humanitárias.

Os eventos climáticos extremos que assolam o Rio Grande do Sul são prova do desafio multidimensional que a crise climática traz.

Liderando o G20 neste ano, e já se preparando para sediar a COP30 em 2025, o Brasil vê na bioeconomia e na redução das desigualdades caminhos para a busca de projetos de desenvolvimento sustentáveis e justos, entendendo que a mitigação e a adaptação à mudança do clima não poderão ocorrer às custas do direito soberano ao desenvolvimento dos países do Sul Global, tampouco resultar na ampliação das desigualdades.

Para isso, entendemos ser de extrema importância envolver nesse diálogo multisetorial instituições e representantes da área de Defesa. Afinal, o setor desempenha funções fundamentais nas diferentes respostas para os impactos negativos da mudança do clima, que vão desde a proteção da Amazônia – seus ativos e as pessoas que ali vivem –, passando pelo crescente e fundamental apoio aos desastres decorrentes de eventos climáticos extremos,  até o desenvolvimento inovador de tecnologias que garantam eficiência energética e sustentável aos equipamentos de defesa, contribuindo para os esforços de descarbonização do país.

Esse  debate, entretanto, ainda é incipiente no Brasil. Enquanto países como Reino Unido e Estados Unidos colocam o tema como uma das prioridades para as áreas de segurança e defesa, o Ministério da Defesa do Brasil ainda dá passos tímidos em direção a essa discussão.

O Centro Soberania e Clima tem trabalhado nos últimos anos para fomentar a reflexão sobre como questões relacionadas ao meio ambiente e à crise climática podem afetar as atividades das Forças Armadas. Além dos impactos na operacionalidade das Forças – tais como dificuldades adicionais à mobilidade e ao patrulhamento das fronteiras; os riscos às infraestruturas e o incremento de demandas e da complexidade de operações subsidiárias -, há a necessidade de modernização de equipamentos utilizados pela Marinha, Exército e Força Aérea, em um esforço conjunto de descarbonização e inovação do setor.

Nessa busca de convergências, apresentamos um Relatório com importantes contribuições e recomendações estratégicas, à disposição da sociedade. São fruto do workshop “Política e Estratégia de Defesa e Mudanças Climáticas”, promovido pelo Centro Soberania e Clima, e que reuniu 35 profissionais de Defesa, da academia, da sociedade civil e de diferentes ministérios e órgãos do governo.

O debate envolveu desde as mudanças do clima na agenda internacional e no Brasil até o papel da Inteligência e o apoio das Forças Armadas no enfrentamento a essa crise. Entre os pontos convergentes, destaca-se a incorporação de considerações sobre os riscos impostos pelas mudanças climáticas à segurança humana e as suas prováveis implicações para a operacionalidade das Forças Armadas aos documentos de alto nível do setor de Defesa, garantindo a elaboração de diretrizes que possibilitem avançar em ações e políticas.”

LEIA NA ÍNTEGRA: https://valor.globo.com/opiniao/coluna/a-defesa-e-as-mudancas-climaticas.ghtml

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