No webinar “Os Nexos entre Soberania, Mudança do Clima e Segurança”, que também é a aula inaugural do curso “Mudança do Clima e as Agendas de Segurança e Defesa”, o Centro Soberania e Clima promoverá uma discussão inicial a respeito das relações entre mudança do clima e soberania. Mais especificamente, pretende-se discutir como a emergência climática atual tem imposto desafios à soberania nacional e, logo, às noções de segurança e defesa, ao mesmo tempo em que se busca construir soluções em resposta a esse cenário.
No marco da recém-lançada Escola Soberania e Clima, o curso “Mudança do Clima e as Agendas de Segurança e Defesa” tem como objetivo ampliar a compreensão e qualificar os debates sobre os nexos entre soberania, mudanças climáticas, segurança e defesa em suas diferentes vertentes. Destinado aos processos de formação que visem à consolidação do conhecimento nessas áreas temáticas, o curso será desenvolvido em formato online, e para um amplo público interessado – incluindo alunos de graduação e pós-graduação, profissionais de áreas correlatas e cidadãs e cidadãos interessados nessa formação complementar.
É importante destacar que processos de formação e consolidação do conhecimento são essenciais para um diálogo qualificado que permita construir uma aproximação produtiva entre Defesa e Meio Ambiente em meio aos desafios impostos pela crise climática. Nesse contexto, a missão do Centro Soberania e Clima é fomentar, consolidar e produzir convergências entre os interesses das áreas da soberania e do desenvolvimento sustentável, para a elaboração de uma estratégia nacional com o objetivo de enfrentar as mudanças do clima e garantir um futuro próspero, justo e sustentável para o Brasil.
No contexto de agravamento sem precedentes da crise ecológica e da proliferação de riscos climáticos, tais iniciativas assumem relevância crescente, em especial no Brasil, país em que são notadas convergências profundas, mas ainda desconhecidas e/ou pontuais, entre os setores de segurança, defesa e meio ambiente. As instituições de defesa, por exemplo, já desempenham funções importantíssimas em áreas de mitigação e de adaptação, tais como o apoio no combate ao desmatamento e no suporte à Defesa Civil em cenários de desastres naturais. Ademais, as expectativas são de que essas demandas se intensifiquem nos próximos anos.
Para começar a situar os nexos entre soberania, mudanças climáticas, segurança e defesa, temos o prazer de trazer para discussão convidados importantes que estão envolvidos com essa temática atualmente no Brasil:
- Raul Jungmann: Foi ministro da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018) do Brasil, presidente do Ibama (1995), presidente do Incra (1996-1999) e ministro da Reforma Agrária (1999-2002). Foi eleito deputado federal em 2002, 2006 e 2014 e vereador em Recife em 2012. É co-fundador do Soberania e Clima e Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração.
- André Aranha Corrêa do Lago: Bacharel em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e entrou na carreira diplomática em 1982. Na Secretaria de Estado, em Brasília, exerceu funções nas áreas de organismos internacionais, promoção comercial, cerimonial e energia. No exterior, serviu nas embaixadas em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas. Tem trabalhado com temas de desenvolvimento sustentável desde 2001. Foi diretor do Departamento de Energia (2008-2011) e do Departamento de Meio Ambiente (2011-2013), período em que foi o negociador-chefe do Brasil para mudança do clima (2011-2013) a para a Rio+20 (2011-2012). Foi embaixador no Japão (2013-2018), na Índia (2018-2023) e, cumulativamente, no Butão (2019-2023). Desde março de 2023, é secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
- Ana Toni: Secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Foi Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade – iCS e é Sócia-fundadora do Gestão de Interesse Público (GIP). Economista e doutora em Ciência Política, Ana possui longa trajetória no trabalho junto ao terceiro setor e no fomento de projetos voltados à justiça social, à promoção de políticas públicas, à área do meio ambiente e mudanças climáticas e à filantropia. Ana foi Presidente de Conselho do Greenpeace Internacional (2010 a 2017), diretora da Fundação Ford no Brasil (2003-2011) e da ActionAid Brasil (1998-2002). Foi membra do conselho do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), Fundo Baobá para Equidade Racial e Sociedade e Wikimedia Foundation, entre outros. Atualmente é integrante da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade e dos conselhos da Agência Pública, Gold Standard Foundation, ClimaInfo, Instituto República, Transparência Internacional – Brasil, e do Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
- Maria Netto: Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade. Maria Netto atuou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como especialista principal em mercado de capitais e instituições financeiras e no New Development Bank (NDB) como chefe da divisão de instituições financeiras e mercados. Em ambas organizações ela foi responsável por supervisionar programas de estratégias inovadoras de financiamento com instituições financeiras locais e mercados de capitais para promover investimentos do setor privado em projetos de baixo carbono e resiliência na região da América Latina e do Caribe. Anteriormente, Maria Netto também trabalhou no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde foi responsável por supervisionar projetos globais para auxiliar os países a avaliar investimentos e fluxos financeiros e opções políticas para integrar negócios verdes em diferentes setores e atividades econômicas. Por fim, Maria Netto trabalhou por mais de 10 anos na Secretaria da Convenção sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), onde, entre outros, foi responsável por liderar o trabalho da instituição na cooperação financeira bilateral e multilateral, para as avaliações e acompanhamento de investimentos e fluxos financeiros para enfrentar as mudanças climáticas e o desenvolvimento de mecanismos de mercados de carbono sob o Protocolo de Quioto. Ela tem mestrado em economia no Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra.
- Gen. Costa Neves: Comandante Militar da Amazônia. Ao longo de sua carreira, exerceu as funções de Comandante de Pelotão e de Subunidade de Fuzileiros Blindado e Paraquedista; foi oficial do Estado-Maior do 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista e da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, Oficial de Gabinete do Comandante do Exército, Comandante do 62º Batalhão de Infantaria, Chefe do Estado-Maior da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, Assistente-Secretário do Secretário-Geral do Exército e Comandante do Corpo de Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras. Como Oficial-General, exerceu as funções de Comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras; Diretor de Avaliação e Promoções; Force Commander da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) e Subcomandante de Operações Terrestres e Comandante Militar do Norte.
Moderação – Beatriz Mattos: Doutora em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – IRI/ PUC-Rio. É Coordenadora de Pesquisa na Plataforma CIPÓ e Professora da Universidade Veiga de Almeida – UVA.