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Sistemas Alimentares desde a Perspectiva da Agricultura Familiar

Os impactos das mudanças climáticas sobre a segurança alimentar e nutricional têm crescentemente se tornado um ponto de preocupação no Brasil e no mundo. Eventos climáticos extremos, tais como períodos prolongados de chuva e seca, além da degradação da terra, impactam meios de subsistência e vidas. Como demonstra o relatório “Addressing the Interplay of Climate Change, Food and National Security: Event Summary” (2023) organizado pelo Center for Climate and Security, a crise climática atual é um dos principais fatores do aumento acentuado da fome global. E combinada com outros fatores, tais como questões geopolíticas e problemas econômicos, por exemplo, a insegurança alimentar, exacerbada pela emergência climática, se torna um fator que acentua riscos de segurança, podendo impulsionar conflitos no mundo inteiro. Nesse contexto, a Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos (outubro 2023) aponta que “Atualmente, os sistemas alimentares globais estão ameaçados por uma variedade de fontes, incluindo a invasão da Ucrânia pela Rússia, os impactos econômicos da pandemia da COVID-19, eventos climáticos, e conflitos prolongados”.

Ao mesmo tempo, quando o atual cenário de vulnerabilidades que atravessa desproporcionalmente determinadas populações e países ganha visibilidade, esse quadro se torna ainda mais crítico. Dados apontam que no Brasil, em 2022, havia 10.1 milhões de pessoas desnutridas (4,7% da população), 21.1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar severa (9,9% da população) e 70.3 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou severa (32,8% da população). Cabe destacar ainda que a fome no Brasil tem um recorte específico de raça e de gênero, uma vez que são as mulheres negras as mais atingidas (Santos, 2022).

É importante salientar, contudo, que a atual emergência climática não é o único fator que impacta os sistemas alimentares, produzindo insegurança alimentar no mundo inteiro. Como aponta Santos (2022, p. 5), “a expansão do complexo agroindustrial exportador em detrimento da produção de alimentos, o desmatamento desenfreado e o recuo de políticas públicas e legislação voltadas à proteção ambiental e ao direito humano à alimentação” são outros fatores que se somam para a configuração dessa crise socioambiental.

Se, por um lado, determinadas populações, tais como Povos e Comunidades Tradicionais, são inseridos na conversa sobre segurança alimentar, na medida em que se identifica como vulnerabilidades estruturais as afetam desproporcionalmente, por outro, é necessário também reconhecer como, no Brasil e no mundo, essas comunidades, se utilizando da produção familiar e camponesa, bem como de seus conhecimentos tradicionais, são fundamentais para a resiliência climática dos sistemas alimentares. Como aponta Packer (2023, p. 15), “organizações especializadas em alimentação e agricultura, usando bases de dados da FAO, estimaram que a agricultura familiar e camponesa alimenta ao menos 70% da população mundial, ocupando menos de um terço dos recursos agrícolas.” Ademais, em algumas regiões de países em desenvolvimento, a produção em pequena escala alimenta cerca de 80% da população (FIDA e PNUMA, 2013 apud Packer, 2023, p. 16).

O Webinar «Sistemas Alimentares desde a Perspetiva da Agricultura Familiar» pretende discutir essas e outras questões com especialistas de diferentes áreas:

Tiago Lopes, Presidente interino da CONAFER. 

– Beatriz Mattos, pesquisadora sênior do Centro Soberania e Clima e da Plataforma Socioambiental do Brics Policy Center.

Camilo Quintero, consultor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Larissa Packer, advogada socioambiental e parte da equipe América Latina da GRAIN.

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