A ação antrópica está desempenhando um papel fundamental no desencadeamento de mudanças de grande magnitude no meio em que vivemos, e suas consequências acarretam rearranjos significativos na estabilidade do planeta, ou seja, no funcionamento adequado de alguns processos essenciais dos quais dependemos, tais como o biológico, o atmosférico, o geológico e o hidrológico. Como corolário desse cenário, avolumam inferências científicas que apontam para o fato de que a humanidade entrou em um novo período geológico, o Antropoceno: uma época definida precisamente pelo reconhecimento da influência antrópica como uma força capaz de colocar em risco a resiliência do planeta como nunca antes visto, um ponto de inflexão que coloca a humanidade em um novo contexto de desafios, incertezas e consequências imprevisíveis.
Nesse contexto, o Brasil é parte fundamental das discussões sobre governança ambiental e climática, sobretudo porque detém parte significativa da biodiversidade global. A bacia Amazônica, por exemplo, é um importante ativo estratégico nacional, pois além de ocupar 58,9% do território brasileiro, abriga 10% de todas as espécies da fauna e da flora do mundo, 20% da água doce existente e 60% das florestas tropicais, possuindo papel crítico no ciclo de captura de carbono do planeta. Destaca-se ainda que a maior parte dessa biodiversidade está localizada em solo brasileiro. A importância global do bioma amazônico, ao mesmo tempo, é diretamente proporcional à magnitude e à variedade de demandas que a Amazônia apresenta. Por essa razão, tratar de temas que envolvem a região – o que inclui a floresta, mas também suas populações – é necessariamente complexo e dinâmico, e essa complexidade é ainda exacerbada quando consideramos os desafios impostos pela emergência climática. Garimpo ilegal, desmatamento, conflitos por terra, altos índices de violência e sobreposição entre crime organizado e crime ambiental são alguns dos desafios que compôem esse quadro e que precisam ser endereçados, inclusive para reforçar a soberania nacional brasileira nesse território. Tendo esse complexo panorama como plano de fundo, este painel busca discutir caminhos para a construção de uma agenda de segurança multisetorial para a Amazônia, também pautada em seu desenvolvimento sustentável.
Data: Quinta-feira, 29 de junho de 2023
Horário: 9:00 (BRT) – 12:15 (BRT)
Painelistas:
Edileuza de Melo Nogueira – Censipam / Ministério da Defesa
Phelippe Daou Junior – Rede Amazônica
Alberto Luiz Teixeira da Silva – Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará
Ane Alencar – Diretora de Ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
Moderador: Fabio Albergaria de Queiroz – Escola Superior de Defesa
