No 1º Webinar em parceria com o National Endowment for Democracy (NED), o Centro Soberania e Clima discute sobre a relação entre mudanças climáticas e segurança alimentar no Brasil.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que o crescimento populacional e as mudanças nas dietas em todo o mundo afetarão a demanda por alimentos nas próximas décadas. Com um aumento de 60% da demanda previsto para 2050, é insuficiente imaginar que somente um aumento da oferta de alimentos seria a solução adequada para superar esse desafio. O enfrentamento das crises climática e alimentar do presente, a sustentabilidade produtiva e a distribuição e o acesso à alimentação adequada, na quantidade, qualidade e tempo necessários, são também elementos centrais no debate sobre segurança alimentar.
De acordo com a FAO, “a segurança alimentar existe quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e econômico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos que atendam às suas necessidades e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável”. O combate à fome e à desnutrição é hoje um dos principais pontos dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, tendo a ambição de erradicar a fome no mundo nos próximos anos.
Entretanto, as mudanças climáticas são um dos principais obstáculos à consecução desse objetivo. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a mudança do clima aumenta e intensifica os riscos à segurança alimentar, principalmente para as populações e países mais vulneráveis. Dentre os riscos desencadeados, quatro deles têm impacto direto na segurança alimentar: a perda de meios de subsistência e renda rurais, perda de ecossistemas marinhos e costeiros, perda de ecossistemas terrestres e aquáticos, e o colapso dos sistemas alimentares. A insegurança alimentar é também agravada por demais vulnerabilidades geradas pela mudança no clima, tais como a degradação dos solos, a escassez hídrica, e a poluição. Além dessas consequências diretas, as mudanças climáticas também geram paralelamente impactos profundos nos fluxos comerciais, nos mercados de alimentos, na estabilidade de preços e podem introduzir novos riscos para a saúde humana.
No Brasil, a insegurança alimentar atingiu patamares preocupantes. Segundo pesquisa feita pela FGV Social, em 2021, 36% dos brasileiros encontravam-se em situação de insegurança alimentar, taxa quatro vezes maior em relação à média dos outros 120 países analisados. Os dados tornam-se ainda mais alarmantes quando analisados por gênero e por classe. No recorte de gênero, em 2021, a taxa de insegurança alimentar entre as mulheres é de 47%, enquanto que a entre os homens é de 26%. Quanto ao recorte de classe, entre os 20% mais pobres do país, o patamar atingiu 75% em 2021, taxa comparável a países como Zimbábue, o pior no ranking.
Dessa forma, como o Brasil pode garantir sua segurança alimentar em um contexto de mudanças climáticas? Como adaptar e construir sistemas resilientes necessários para a salvaguarda dos sistemas alimentares? Como garantir a sustentabilidade dos processos produtivos? Como combater as desigualdades na distribuição e no acesso a alimentos?
O Webinar «Mudanças climáticas e segurança alimentar no Brasil» discute essas e outras questões com especialistas de diferentes áreas:
– Sergio Etchegoyen, General de Exército da reserva e presidente do Conselho e cofundador do Centro Soberania e Clima
– Embaixador Leonardo Cleaver de Athayde, Diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores
– Elisabetta Recine, ex-Presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
– Maureen Santos, Professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio