Episódio 3 “Desinformação, “Fake News” e Emergência Climática”
SINOPSE: O episódio 3 focará no impacto da desinformação na percepção pública e nas políticas relacionadas às mudanças climáticas. Abordará como notícias falsas e notícias imprecisas com o objetivo de enganar, confundir e influenciar podem distorcer os entendimentos sobre a crise climática, dificultando ações efetivas. O episódio também discutirá estratégias para combater a desinformação e as “fake news” e promover a educação e conscientização ambiental, essenciais para uma resposta coletiva eficaz à emergência climática.
O último relatório lançando pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em março de 2023, enfatiza que o aquecimento global induzido pela humanidade, de 1,1°C, desencadeou mudanças no clima do planeta sem precedentes na história recente. O relatório destaca que os impactos do clima nas pessoas e ecossistemas são mais vastos e severos do que se esperava, e que os riscos futuros aumentam a cada fração de grau de aquecimento. A elaboração de propostas que permitam a mitigação, a adaptação e a resiliência às mudanças do clima exigem, portanto, mudanças em grande escala.
Essas ações envolvem diferentes setores: Governos, setor privado, organizações da sociedade civil, academia e pessoas que precisam estar informados e alinhados para que os compromissos possam ser atingidos.
No Relatório sobre Riscos Globais, dese 2024, o Fórum Econômico Mundial destacou os eventos climáticos extremos, a desinformação e a polarização como três dos dez maiores riscos globais. Estes riscos foram identificados não apenas para o ano corrente, mas também para cenários de curto (2 anos) e longo prazo (10 anos), enfatizando a necessidade urgente de abordagens estratégicas para lidar com essas questões.
Cientistas no mundo inteiro estão, há décadas, fornecendo informações e dados que comprovam a urgência de ações efetivas que permitam manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Entretanto, há alguns atores, estatais e não-estatais, que continuam a disseminar informações errôneas e intencionalmente desinformam a população, dificultando ações eficazes em relação à emergência climática.
Negação das mudanças climáticas, desconfiança, omissão de dados e proposição de falsas soluções em fóruns mundiais são algumas das consequências do fenômeno da desinformação e das “fake news” sobre a emergência climática e provocam atrasos no estabelecimento de políticas públicas alinhadas com os compromissos assumidos no Acordo de Paris.
O recente artigo publicado por Matias Spektor, Guilherme Fasolin e Juliana Carmargo, “ Climate change beliefs and their correlates in Latin America”, aponta que a capacidade dos céticos climáticos de bloquear ações contra as mudanças climáticas depende das crenças predominantes entre o público, que podem não ter apenas raízes socio-políticos, mas psicológicas.
Uma pesquisa de opinião realizada durante a Cop 27 por Jake Dubbins, cofundador da Conscious Advertising Network e membro da Climate Action Against Disinformation, mostrou que 23% das pessoas nos Estados Unidos acreditam que as mudanças climáticas são uma farsa criada pelo Fórum Econômico Mundial. Além disso, a pesquisa apontou que mais de 20% das pessoas nos seis países pesquisados acreditam que as mudanças climáticas não são causadas por humanos.
O impacto da desinformação climática é profundo, levando a uma compreensão distorcida da crise climática pelo público, o que pode atrasar ações eficazes contra o aquecimento global. Neste contexto, a necessidade de abordar a desinformação vai além do aspecto comunicacional, emergindo como um imperativo em políticas públicas e educação ambiental.
Participantes:
Jornalista, com foco desde 2002 na cobertura de ciência e meio ambiente. Foi repórter do Estadão, editora co-fundadora da revista Unesp Ciência, repórter da Folha de S. Paulo, editora-assistente da revista Scientific American e editora da revista Galileu. Em 2022, lançou o podcast narrativo Tempo Quente (Rádio Novelo), que investiga as forças políticas e econômicas que ganham com a inação do Brasil em relação ao desmatamento e às mudanças climáticas. Recebeu por duas vezes o Prêmio de Reportagem sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica (2011 e 2013) e, em 2017, o de Excelência Jornalística da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) na categoria Jornalismo de Dados. Foi fellow do Knight Science Journalism, do MIT, entre 2014 e 2015, e do Logan Science Journalism, do Marine Biological Laboratory, em 2015.
Pós-doutor em Educação e Ciência pela Universidade do Minho, Portugal (2016). Doutor em Educação na Universidade Federal de Minas Gerais (2015), possui mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000), com especialização em Biotecnologia pela Universidade Federal de Lavras e especialização em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente é professor e pesquisador do Centro Universitário de Formiga/MG (UNIFOR/MG). Também é professor na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).